sábado, 8 de março de 2014

Dar o Exemplo

A vida tem formas estranhas de nos fazer a aprender.
Sei que uma das lições que tenho de aprender nesta vida é saber cooperar.
Sempre tentei ser expert na minha área profissional e não estar dependente dos outros.
Como tento dar o meu melhor, ser perfeita, ser justa e correcta, na maior parte das vezes ganho o respeito, a admiração e o carinho dos outros.
Por isso, tenho dificuldade em pedir ajuda aos outros.
Mas a vida põe-nos constantemente à prova.
Trabalho numa organização como gestora da formação e no passado ofereci a minha ajuda para colaborar na área da qualidade.
Comecei a trabalhar sem ter feito uma formação. Como não tenho formação ou experiência prévia na área da qualidade, isso exige que eu tenha de ultrapassar os meus medos e limitações. Isto é, se quero fazer o trabalho tenho de pedir ajuda, de ficar dependente de terceiros. É uma aprendizagem gratificante pois aprendo a confiar nos outros, tenho oportunidade de conhecer excelentes profissionais, conhecer novas formas de pensar e trabalhar, e por fim, sentir-me grata pela paciência, disponibilidade e partilha de conhecimentos por parte destes profissionais perante a minha incompetência.
Concluindo, isto poderia ser uma excelente oportunidade de crescimento pessoal e profissional.

Porém a vida gosta de nos levar a experienciar situações com um nível de dificuldade acrescida.
Resumindo, hoje fui confrontada com a seguinte situação: estou a desempenhar uma tarefa sem ter formação prévia, levando me a cometer mais erros que o normal e consequentemente corro o risco de perder o respeito dos colegas de trabalho.
Imagino quais devem ser os seus  comentários: "Ela não sabe o que faz", "É uma incompetente", "Que legitimidade ela tem para nos dizer que devemos ir à formação quando ela não faz uma formação para desempenhar a função na qualidade?", "Ela diz uma coisa, mas faz outra coisa".
Se acredito que dar o Exemplo é a forma mais poderosa para educar e formar pessoas. Com este episódio estou a correr o risco de pôr em causa o meu papel como gestora da formação.
Será que algum dia as pessoas que me circundam vão perceber que tudo o que nos acontece na vida é por alguma razão que na maioria das vezes a mente desconhece?

Dar o Exemplo é ser congruente entre o que se diz e o que se faz. É a atitude correcta a se ter. Então ser incongruente demonstra a atitude incorrecta, a imperfeição, a incompetência e o erro.
Mas ser incongruente não poderá servir também de Exemplo? Não estaremos também a dar o Exemplo?
Errar é humano.
Ser incongruente não será também uma forma de errar, de demonstrar que se é humano?
E a beleza da vida não está na consciência de que somos seres imperfeitos, mas em constante procura da perfeição? 

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