segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Como tornar-se empresário em tempo de crise


A conjuntura aconselha à prudência, mas não ao marasmo. Foi em tempo de adversidade que os portugueses souberam realizar os seus maiores feitos. O universo empresarial não é exceção. Com riscos e investimentos mais controlados é possível empreender em Portugal, desafiando todas as barreiras.
Quando a conquista de um emprego por conta de outrém não está facilitada, criar o seu próprio projeto empresarial, que lhe garanta uma forma de subsistência poderá não ser uma ideia descabida. Reza a tradição que é em momentos de adversidade que surgem, por vezes, as melhores oportunidades. Tudo o que você precisa é ser terra-a-terra, manter os pés bem no chão e sem grandes deslumbres ou investimentos mirabolantes, estruturar o seu próprio negócio e o seu auto-emprego. Lembre-se: a prioridade não é ficar rico em dois dias, mas sim garantir um salário e sentir-se realizado com o que faz.
As primeiras perguntas que deverá colocar-se é “o que é que eu sei fazer bem?” e “onde reside o meu valor competitivo?”. A área de atividade até pode nem ser original, mas poderá ganhar mercado se tiver uma abordagem inovadora face à concorrência. E é também aqui que reside o segundo ponto decisivo da sua análise: quem é a sua concorrência? quais os seus pontos fortes? que limitações e riscos pode aportar ao seu projeto e como pode o seu futuro negócio ultrapassar os outros players do seu mercado? A resposta a cada uma destas perguntas é vital para minimizar o risco de fracasso do seu projeto.
Igualmente importante é que perceba até que ponto o mercado precisa, sobretudo nesta fase de maiores dificuldades económicas, do serviço que lhe quer oferecer. Tenha em atenção que em situações adversas, pequenos negócios de serviços de proximidade como as tradicionais engomadoras, lojas de arranjos de costura ou outras semelhantes poderão ressentir-se com o efeito poupança, já muitos consumidores optam por voltar a realizar em casa este tipo de serviços. Uma dinâmica diferente sentem os projetos ligados à área da Internet e todos aqueles que de alguma forma estejam relacionados com questões de gestão financeira e poupança.
Mas tão importante quanto escolher a área é realizar um levantamento criterioso e muito rigoroso do investimento necessário para materializar o seu projeto. É nesta fase que se deve munir de todo o seu lado prático e realista e reduzir os custos ao essencial. Pode parecer-lhe irónico, mas pensar pequeno por vezes tem as suas vantagens. Provavelmente, numa fase de arranque não precisará sequer de um grande espaço. Se esse não for o caso e o seu projeto precisar de uma sede, então escolha com cuidado o local onde se vai implantar em função das zonas onde passa o seu público-alvo. Evite também realizar grandes contratações. Deve definir uma estratégia de crescimento, mas faseada. Não queira tudo de uma só vez.
Num negócio todos os pormenores são fundamentais e neles que deve investir para se diferenciar. Deve testar todos os seus fatores de diferenciação antes mesmo de iniciar o seu contacto com o público. Aposte muito neste fase de testes para poder otimizar e reduzir o risco de insucesso na entrada no mercado.
E se ultrapassadas todas estas etapas o seu problema ainda é o investimento, saiba que tem cada vez mais opções de financiamento para os designados negócios de baixo custo. A expansão das plataformas de crowdfunding podem beneficiá-lo e o microcrédito também. Mas se está numa situação de desemprego continua a poder recorrer à antecipação por inteiro do subsídio de desemprego para criar o seu próprio negócio.

Fonte: Artigo publicado no jornal “Expresso” de 21 de Outubro de 2011


Sem comentários: