sexta-feira, 15 de julho de 2011

Vendendo Sonhos



Numa cidade do interior, havia um senhor, senhor Antunes Pereira, que trabalhava como pedreiro, mas o tempo passa, para todos, inclusivé para o senhor Pereira “O Pedreiro”.
Antigamente, contava, “Todos os dias tinha trabalho. Todos os ladrilhos, daquele bairro novo tinha sido ele que tinha colocado.” Mas o Sr. Pereira envelheceu. Este ainda precisava do dinheiro do trabalho, mas o corpo não suportava mais o cansaço da profissão.
Ainda não tinha idade para se reformar, e também nunca tinha sido um grande pensador. Primeiro pensou em pedir ajuda à família, mas todos diziam que não podiam ajudar. Os amigos, coitados, até tentaram, mas não poderiam sustentar o Sr. Pereira e a sua esposa Dona Marisa.
D. Marisa era uma doceira, de mão cheia. Certa tarde enquanto os dois tomavam café com sonhos, Sr. Pereira, de quase num sobressalto, teve a idéia de vender doces. Juntaram as suas economias, cozinharam um bom stock de sonhos, colocaram os doces na Piaggio, uma scooter velha azul de 3 rodas que estava na família há 20 anos, arranjaram um alto falante e um microfone. E lá foi o Sr. Pereira vender.
Sonhos, a partir de 1.50€, venham comprar doces freguesia…” Essa era a frase que foi repitida muitas e muitas vezes.
No final do 1º dia, D. Marisa aguardava impaciente o seu Pereira “O Pedreiro” chegar. Este, desanimado e até um pouco sem paciência, entrou em casa, dizendo “Que grande burro eu sou, coloquei todo o nosso dinheiro nesta porcaria!!” E resmungão, continuou ele: “Eu nunca vendi nada, como vou vender estes doces?
D. Marisa não tinha muitos estudos, estudara até ao 4ª ano, mas tinha muita vontade. Correu para o quarto, pegou num caderno e numa caneta azul. Visitou casa a casa da vizinhança e rapidamente voltou com muitas páginas preenchidas. Ela não deixou o Sr. Pereira interrompê-la, nem para a informar que a telenovela havia começado, aquilo era mais importante. Eram quase 2h da manhã, quando D. Marisa, satisfeita, terminava de fazer o que se tinha proposto, e entregou ao Sr. Pereira “O Pedreiro”, o que ele deveria falar amanhã.
No dia seguinte, mais ansiosa do que nunca, D. Marisa lavava a louça do almoço e olhava para o relógio, querendo acelerar o tempo, desejava pelo final do dia para que o seu marido chegasse. Assustou-se ao ouvir a scooter, pois a Piaggio tinha um barulho característico. Ela esticou a cabeça pela janela e viu o Sr. Pereira ” O Pedreiro” entrando com um largo sorriso de satisfação, “Vendi TUDO mulher”, comemorava o Sr. Pereira.
O tempo continuou a passar e as coisas melhoraram muito naquela família. D. Marisa continuou a fazer doces; tinha agora até uma ajudante, e os doces, cada um mais delicioso que o outro. O Sr. Pereira, agora, era conhecido como o Sr. Pereira “Vendedor de Sonhos”, estava feliz. Deixou a scooter em casa e agora dirigia uma Kombi, 2002, pelas ruas da cidade, onde pregava: “Vendem-se sonhos, feitos com carinho e cuidado, vários sabores, sonhos que foram feitos com amor.
D. Marisa, esperta que era, naquela noite descobriu que quem comprariam os doces seriam as crianças, com a permissão das suas mães. Naquela noite, quando visitou os seus vizinhos, perguntou às mães: “O que é que uma mãe daria a um filho?”, tendo elas respondido: “Carinho, cuidado e amor”.

Há muitos Pereiras e Marisas neste mundo, e tu podes vender como eles… Procura saber quem é o teu cliente, quem decide pelo teu cliente e o que teu cliente quer. E então vende, não doces, mas sonhos.

Texto adaptado do blog de André Cia

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