terça-feira, 5 de julho de 2011

O que é que queres ser quando fores grande?





Era uma vez um jovem lapidador que olhava com inveja para o mercador rico que lhe dava emprego. Um dia estava a resmungar consigo próprio acerca de como seria ter tanta liberdade e poder quando, para seu espanto, apareceu um anjo e lhe disse: “Tu és o que disseste.” De um momento para o outro, o lapidador transformara-se no mercador.
Ficou muito feliz com o seu fado, até ver o rei da terra a passar com toda a sua corte. “Isto sim, é que é vida”, pensou. E quase antes de acabar o pedido, já o anjo lhe concedera o desejo e o mercador tornara-se rei.
Tudo estava bem até um lindo dia de Verão, em que o rei começou a suar no seu traje real. “O Sol tem tanta liberdade e poder”, pensou. “Pode pairar pelo céu e fazer brotar água de um rei. Isso é que eu gostava mesmo de ser.”
Mal o pensamento se formou na sua cabeça, logo apareceu o anjo para lho outorgar.
Agora o rei transformara-se no Sol e divertia-se que nem um maluco com tanto poder e liberdade, a flutuar muito acima da Terra. Mas, ao fim de um tempo, surgiu uma nuvem, que se interpôs entre ele e o chão. Quando viu um relâmpago a irromper da nuvem e escutou o rugir dos trovões, soube que estava a testemunhar liberdade e poder a sério. E antes de chegar a perceber o que se passava, já o anjo o tinha transformado numa nuvem.
Que divertido era lançar chuva sobre a terra! Onde quer que o homem-nuvem fosse, as florestas eram lavadas, e as poças transformavam-se em oceanos à sua passagem. Mas, por muito que tentasse, havia uma montanha enorme feita de pedra que permanecia imóvel e impassível perante a sua chuva.
“Este é certamente o poder supremo”, pensou. “Sempre de cabeça erguida, face a qualquer circunstância — isso é que é liberdade e poder a sério.”
O anjo agiu de imediato, e o homem conseguia sentir o poder inacreditável de ser um objecto inabalável no meio de qualquer tempestade. Mas mesmo encantado com a sua imensa força e resistência, conseguia ver um homenzinho lascar o sopé com uma picareta, um cinzel e um martelo.
“Aquele homem ainda é mais poderoso que eu”, pensou. “Vejam como é capaz de retirar pedra de mim apenas com alguns golpes das suas ferramentas possantes. É o tipo de liberdade e poder que eu sempre quis.”
O anjo apareceu, e mais uma vez pronunciou as palavras: “Tu és o que disseste.”
E com estas palavras, o lapidador, mais velho mas mais sábio, seguiu a sua viagem.

Fonte: “Supercoach”, de Michael Neill, Livros d´Hoje, 2011

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