quinta-feira, 16 de junho de 2011

O poder transformador das metáforas…



Muitos de nós aprendemos sobre o poder da metáfora e das histórias pela leitura de poesia e ficção. Os bons autores conhecem-no bem. Ao usarmos das metáforas, dizemos que alguma é especial. Em sentido literal a metáfora não é verdadeira, mas o que nos revela é algo absolutamente verdadeiro. As metáforas são em verdade histórias muito poderosas.
Jerome Bruner, em ActualMinds, Possible Worlds, afirma que a metáfora, como a história, é o combustível da mente que busca a solução de problemas. “A história da ciência está repleta de metáforas. São muletas que nos ajudam a subir uma montanha abstracta. Depois de a subirmos, jogamo-las fora ou as escondemos em favor de uma teoria formal e lógica que (com sorte) poderá ser afirmada em termos matemáticos ou quase matemáticos.”
Saber, sentir e agir não são coisas que possamos separar, sustenta Bruner. Nós percebemos, sentimos e pensamos simultaneamente, ou seja, percepensamos. Separá-los é “o mesmo que estudar os planos de um cristal isoladamente, perdendo de vista o cristal que lhes dá existência”.
As histórias são uma forma de conhecimento, não apenas de diversão. Bruner afirma que as histórias podem ser mais convincentes do que as informações. Ele mergulha na terra incógnita da mente que conta histórias. As histórias, ressalta, pressupõem intenção. E os seres humanos naturalmente têm intenções, mesmo quando não pretendem tê-las.
Ele reuniu um corpo impressionante de dados dos anais da psicologia e da sociologia como prova do papel das expectativas. Este livro inteligente e erudito representa um repositório impermeável para a natureza crítica de nossas expectativas perante nós mesmos e os outros. “A função derradeira das profecias não é a de predizer o futuro, mas a de construí-lo.”
Quando dizemos “Johnny corre rápido”, o que dissemos que alguém, excepto a mãe de Johnny, é capaz de lembrar? Mas quando dissemos que “Johnny corre como um antílope”, empregamos uma memorável imagem totémica com que podemos rotular a noção que temos da velocidade de Johnny. Caso dissemos, porém, que “Johnny é um antílope”, o eternizaríamos por vinculá-lo aos cervos que habitam as profundezas da floresta do inconsciente primal.

Fonte: O Livro de Pragmágica, de Marilyn Ferguson, Nova Era/Record, Rio de Janeiro, 1994

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